Ninguém presta

Lorde quase sempre teve respeito pelos crentes. Até por ter a mãe crente e um primo pastor evangélico. Só não entendia como eles podiam ser tão radicais. Olhavam para ele com expressão de dó. Com uma arrogância insuportável.Como se a leitura metódica da bíblia cristã fosse credencial para falar em nome de deus. E afinal, quem era esse tal deus. Os caras diziam saber tudo o que era deus, como ele se comportava, o que ele achava das coisas. Ele tinha momentos de ódio dos crentes. Pois eles não davam chance. Não abriam as cabeças. Julgavam a tudo e a todos ou se afundavam na hipocrisia, saindo com frases do tipo: "Eu não quero julgar tal pessoa, mas acho que ela...". Aí fazem o julgamento moral do cara. Ou da mina.

Os crentes liam a bíblia, interpretavam as histórias que eram contadas ali e desejavam que fossem aceitas pelas pessoas, pelos não-convertidos, pelos pecadores, pelos perdidos, pelos drogados, pelos prostituídos, pelos sujos, pelos feios, pelos sem honra, pelos errados. Eles é que estavam certos. Tudo estava sendo feito em nome de deus. E a fé era capaz de tudo. Se você não conseguisse fazer alguma é porque não teve fé suficiente. Se é uma criança pobre que já nasceu com  problemas criados durante a gravidez talvez de uma mãe que tinha vários problemas também, filha de outros pobres que não puderam dar a atenção devida durante a infância. É claro que se esta criança chegasse aos trinta anos, também com problemas, nunca conseguiria comprar um carro. Nunca conseguiu terminar a faculdade. Nunca conseguiu emprego de executivo, nunca foi empresário, nem nunca foi o comedor do bairro, nunca teve casa própria, nunca foi o tal, enfim, o problema na explicação de muitos crentes é que este cara não teve fé suficiente.
 
Ele tem que ler a bíblia, ele tem que ir a igreja, aceitar as suas condições e agradecer a deus por estar vivo e saber que tinha tudo que merecia. O problema era a falta de fé. Aliás, falta de rezar. Não, não. Fale orar. Crente não reza. Crente ora. E crente que é crente mesmo tem tudo. Assim que se fala entre os crentes.

Uma parada


_O cara falou que era pra parar mais perto do bar.

_Como parar mais perto?

_É ele me reconheceu , perguntou se eu era amigo do altão.

_Ah, então ele lembrou do Roberto.

_É, hoje ele vendeu e não fez gracinha.

_ Porque outro dia ele tinha e não quis vender pra você, né?

_ É então, hoje ele falou até pra eu parar mais perto do bar.

_ Mas quem falou pra ele que eu quero parar mais perto do bar?

_Pois é, o cara tá achando que eu quero ser amigo dele.

_ Tô fora.

_ Eu também. Eu vim aqui pra comprar droga, não pra ser amigo de traficante. Tô com cara de puxa saco de traficante, é mole?

_ Mas não é por ele ser traficante que eu não quero paro com ele.

_Acho que esse cara que é mala mesmo.

_ É ... Puta mala. Traficante tem que vender ou não vender.

_Não tem que ficar fazendo gracinha. Essas paradas de passa daqui quinze minutinhos.

_ Por isso que o povo denuncia. O povo vai na boca para buscar drogas e os traficantes ficam com monte de história boba, ai quem vai lá e não consegue pegar acho que é quem acaba denunciadndo, não acha?

_ Nem tanto vai. Aliás, esqueci de falar ...

_ Esquecer de falar?

_ Que não é pra parar o carro onde a gente parou que mora uma Guarda Municipal ali. Acha? O guarda mora do lado biqueira. Deve ser patrão, né?

_ Nossa! Mas então tem um Guarda Municipal morando ali?

_ É. Por isso que ele falou pra gente parar mais perto do bar.

_Um dia a gente pára.

_Pára de usar droga ou para do lado do traficante?

Os dois seguiram no carro até a cidade vizinha. Tinham cocaína e maconha no carro. Ela foi contando ao rapaz sobre o seu trabalho de modelo. Sobre as cabecinhas das colegas e dos valores que as pessoas de seu meio profissional atribuíam ao mundo. Da tendência, por parte de pai, para que ela tivesse o nível de vida que tinha. Da independência de viver sozinha num  grande centro urbano e os desafios de levar uma vida regrada para não ficar gorda, nem cheia de rugas, nem de olheiras. Disse que tinha que de alimentar-se mais de de frutas, legumes, verduras. E carne, só comeria carne de peixe. Lorde, passando ao lado do córrego que cortava o Parque Ecológico, ficou pensado nas famílias que passaram o dia pescando e na qualidade do alimento que levavam para a casa. Tirou o isqueiro do bolso e pôs fogo no baseado.

Hora de parar. Hora de parar de usar droga ou de parar mais perto das biqueiras. Parar de usar que tipo de droga. Como será que é isso. Parar de usar cocaína e parar de estar entorpecido por uma programação ruim na televisão. Parar de fumar pedra ou parar de fazer sexo de qualquer jeito, sem proteção. Parar de fumar pedra ou parar de usar a bíblia como escudo até contra o amor. Parar de fumar em mega ou parar de viver o mundo das novelas e dos comerciais de televisão. Parar de fumar um mesclado ou p-arar de comer demais para saciar o nervosismo. Parar de fumar maconha que fa relaxar pra dormir, que abre o apetite do doente, que diverte o dependente químico ou parar de fumar cigarro que não dá barato. Parar de fumar cigarro que relaxa e gera emprego, ou parar de usar cocaína para fugir da realidade. Parar de cheirar pra ficar sem sono e falar pra caraio ou parar de injetar usando agulhas dos outros. Parar de injetar ou usar agulhar e seringas limpas que ninguém ainda usou, depois jogar fora pra ninguém usar mais. Parar de injetar ou parar de roubar dinheiro público. Parar de beber, fumar, cheirar, injetar, trepar ou parar de ser hipócrita. Parar de ser hipócrita ou parar de vacilar.

A escola da rua talvez seja a única onde dá pra fazer um  processo seletivo, de quem pode ou não pode. Quem for reprovado, pode ficar definitivamente impedido de realizar qualquer tarefa. E a dúvida, dentro da cabeça. Martelando o cérebro, correndo o corpo em cada partícula do sangue que caminha pelos vasos. A dúvida caminha por ali, por dentro das veias, olhando as paredes reparando em cada pedacinho de tranqueira enroscada, pelos labirintos de artérias e cada gordura crescida no lugar errado, cada maionese a mais no carrinho de cachorro quente da esquina, resto de cocaína, de ácido lisérgico, tudo alojado por ali no meio de tanta adrenalina, de tantos hormônios, de tantos desejos sem cura de sentimentos importante, de proteínas raras, de combinações químicas homeopáticas, de doses exatas e de quantidades exageradas, de abusos, de uso de remédios estranhos, que corpos cavernosos, de micro-organismos e vida, que não sabe até onde vai chegar. Talvez só até a esquina. Resolveram parar mais perto da biqueira, descer, e, novamente, comprar mais uma porção de cocaína.

_Leva um galo, véi! (Um galo neste caso não é um galináceo). De ... de ... (O cara enrolava e não desembuchava) Eu quero uma ...(Mas não que seja ruim a ideia de um risoto) ... Não, eu acho que eu quero duas (Tá certo que bandido que é bandido quer mesmo é churrasco, só a carne, só. Só a carne já era a festa para quem não teve tanta proteína na infância) ... de cinquenta mas acho que eu...

_Cê tem, sim!

_Quem te disse que eu tenho?

_ Eu sei que você tem vai, porra!. O cara tá esperando. Isso aqui é uma biqueira, não dá pra gente ficar a noite inteira por aqui.

_ Para de gritar comigo. Pega essa bosta de dinheiro.

_Calma ae galera, eu sei que vocês estão meio acelerados, mas eu não tenho nada com isso. Aliás, a dama aceita uma flor?

A praça

Uma festa tradicional acontecia todos os anos na praça em torno da Igreja Matriz. Era a quermesse tradicional. As das outras igrejas sequer eram consideradas . Festa mesmo era aquela ali. Afinal, se a arrecadação divulgada, no mês seguinte, nos jornais, sempre dava conta de uma grande arrecadação. Era como se realmente todos os religiosos tivessem comprado muita pizza, muito chopp e jogado muito bingo nos quatro fins de semana da festa. O dinheiro, durante o resto do ano, seria suficiente para pagar as contas da casa do sacerdote, oficialmente ao lado do templo, as despesas com a própria programação religiosa, obras assistenciais, publicidade às campanhas litúrgicas e sociais, gastos com o templo, com a reforma, por exemplo. O problema é o dinheiro, apesar da diversidade religiosa, usado para a reforma daquele templo específico, tinha saído dos cofres públicos, sem que as pessoas que apreciavam o belo prédio da prefeitura, em meio ao verde e aos espelhos d´água soubessem que, independente de sua religião, crença ou tradição, estavam pagando os gastos com a obra daquele templo imenso. Até aí, não seria má ideia, considerado que a igreja era um prédio histórico, foi erguido há dezenas de anos e representava um tempo em que a Igreja e o Estado viviam muito juntos, sob a proteção da lei nacional.Mas isso não foi só no passado. Hoje as decisões também passsam por outros templos, alguns prédios compostos de concreto, mármore e granito, cujos vitrais da igreja deram lugar aos discretos vidros fumê. A quermesse, cuja arrecadação era superestimada, parecia mais um churrasco entre amigos, dado que estavam lá as principais autoridades municipais, públicas e privadas. Prefeito, vereadores, promotores, juiz, todos ali sob as bençãos de um sacerdote irônico e já um tnato bêbado, que olhava sobre a armação dos óculos pretos, com aparente desdém, a massa de pizza graciosamente manuseada pela filha da beata, a massa do pastel, violentamente manuseada pelo filho do importante colaborador da igreja e a massa humana, de olhos arregalados sobre os comes e bebes espalhados pela longa mesa das autoridades, estes sim, declaradamente alcoolizados e devidamente saciados na fome de comida. Se ele pensava em distâncias, como as que separavam os moleques correndo junto aos cachorros por mentre as pernas dos quermesseiros, em busca de restos, talvez pensasse na distância que separava a arrecadação verdadeira daquele quermesse, como em anos anteriores, e a pequena quantia que realmente arrecada. Pensava também na lavanderia comunitária que as jovens mães assistidas pela igreja e na grande lavanderia de dinheiro sujo em que instituições são transformadas. "E essa bosta de festinha vai pagar viagem para o Vaticano. Esse povo tem de ser muito burro mesmo para acreditar numa estória dessas", pensava o sacerdote, enquanto acendia o seu cigarro brasa do cigarro do garoto que lhe perguntava:

A igreja

Muitas vezes o refúgio do bandido era a igreja dos crentes. Melhor ainda numa igreja pentecostal, em meio aos gritos, louvores e todo aquele ritual, desencadeado por aquelas pessoas, pobres, magras, cansadas, umas tristes, outras esperançosas, umas com roupas bonitas, outras sujas, outras com pouca roupa, até. No meio delas, o bandido era um como elas.

O bandido é um como elas. Como as pessoas fracas, chatas, mentirosas, brancas, ricas, sorridentes ou fortes, simpáticas, sinceras, negras, pobres, chorando. A ordem não importa, neste caso. Mas colocaram muito dinheiro na bacia de plástico que o obreiro passava durante o culto.

Só no final, quando Marquinhos mostrou sua nova ferramenta e pediu, sorrindo, o dinheiro da bacia. Abasteceram a camionete, pegaram o frentista, e deixaram o pastor perto da casa dele. No dia seguinte não teria culto. Nem tráfico. Todos iam para a praia. Menos o pastor, que, para para fazer o culto da terça-feira, deixou que os meninos da rua levassem o dinheiro para o caixa do posto. Religiosamente cúmplices.

A igreja continua sendo o mesmo lugar seguro de sempre. E o pastor pode continuar ali, na rua da escola, com sua igreja levando a palavra de deus. O tráfico convive com tudo. As igrejas convivem com tudo. Tudo convive com o tráfico. Tudo convive com as igrejas. Tudo convive com o incômodo. Por quanto tempo?

História

Era uma vez um continente inteirinho para fora dos mapas ocidentais. Um paraíso de índias e índios correndo pelados no mato. Aí chegaram os padres fazendo missas, trouxeram as roupas e alguém começou atirar e matar índios, tribos, aldeias, civilizações inteiras. Quando eles chegaram no alto da montanha, viram que, para além da montanha, como já imaginavam, havia uma cordilheira.

Avançaram para o alto da cordilheira. Depois de lá, só descer.

O sacerdote era um homem dentro da caverna, entrada no meio das pedras e de algum tipo de palha que bloqueava a entrada completa de luzes por ali. Até de dia, lá dentro parecia noite. A boca da caverna era alta. Uma grande entrada. Como uma boca que engolia ali o orgulho mais alto dos conquistadores europeus. Eles chegaram detonados. Davam a vida para buscar algo mais. Já não bastava todo o ouro conquistado e levado. Agora era um suposto ouro branco que buscavam. Possuídos pela maior ganância jamais imaginada. Daí a contradição e confusão. Em que ponto haviam chegado. Acima dali somente o céu. E se dentro da caverna encontrassem algum caminho, eram capazes de ir à procura. Mas o que foi apresentado a eles, nunca mais abandonaria aquilo que até ali eles consideravam tudo o que tinham vivido. "O ouro branco vai pra dentro de você". Era a frase do sacerdote, nesta altura, com uma cara estranha, de quem olha descrente de você vai acreditar naquilo que ele mesmo está dizendo, tamanha sua incompreensão sobre como é fácil acreditar.

Mas fácil acreditar na mentira_mentira!_mais fácil era perceber a verdade. Estavam há dias andando no meio de pedras, passando frio, com medo de ataques de surpresa _por mais que já se considerassem os  senhores supremos do novo território já conquistado_ a futura América Latina reservava surpresas para os jovens burgueses descendentes de europeus, até os dias de hoje, no caso esse híbrido de séculos que se arranha sob título de século 21, suplantados pela nóia, preguiça e desânimo. Pobre. Haja cabeça pra aguentar o passar do efeito de uma droga forte e antidepressiva diante do falso moralismo de um pregador. Mas a liberdade vai daí ao encontro daquele mesmo pensamento que ele imaginava alimentar com relação a seu comportamento diferente. Olha só o resultado: Perdido e decepcionado, o moleque agora pensava que era ele quem estava errado. Perigoso pensar. Pensar parece privilégio. Filosofia é luxo. O que vale é o relógio no topo da torre da igreja, batendo as horas, bem alto, pra mostrar quem é que manda.

_e não era à toa que o lugar tivesse um nome que remete a um lugar alto, como Altiplano. Nem era só ele, mas muitos espanhóis. Sim isso é um jeito meio tonto de contar essas coisas, até porque tem muita gente prestando atenção no que eu faço. Noa naquilo que eles mesmos chamam de produto, mas no jeito como eu faço as coisas. Como o jeito de comer. Ninguém me deixa à vontade.

E essa era também a ideia da ânsia que esperava do outro lado da parede, pela hora de dormir. O filme que o Lorde assistia, aos poucos ia misturando-se com seu sonho, como uma ficção em exercício de quantas realidades poderiam vir dali pela frente. Só uma delas dava medo. A de se entregar a um vácuo e funcionar como uma peça.

Não. Ninguém é peça do jogo de xadrez de ninguém. É que até na nóia do submundo ou de como quer que os intelectuais da universidade chamassem, até se form mesmo um submundo, um mundo abaixo dos outros é um mundo em que tem algum tipo sentimento. Daí os exageros. Era um saco a vida naquela casa. De um lado a mediocridade do consumismo idiota e do outro o uso mentiroso da religião. O lar daquela família parecia uma árvore que estava sendo sugada por um parasita em cada uma de suas pontas. Um que come as folhas e galhos mais bonitos e outro tipo de verme que suja a planta pela raiz. Extremos de um pastor levantando o cajado para o rebanho e de outro o rala e rola dos sarados da novela. Os livros na estante e o olhar de culpa do sobrinho estressado. A arte às vezes é uma companheira até cruel. Traz cada tipo de manifestação do consciente e do inconsciente. Por isso. Porque é uma delícia dançar e cantar com liberdade, liberdade da hipocrisia, não liberdade das responsabilidades, essas sim, compromisso de respeito ao jeito de cada um de seus limites. E a pergunta que não queria calar, perseguia das unhas encravadas do pés, até o cabelo mais arrepiado: Parar mais perto da biqueira ou parar de usar.

_Canalhas. Queria eu manipular as leis pra que o povo tocasse os tambores também.

Até a ideia de divisão do tempo dava tédio. Com razão.

Parede Meia

_Você deixou o despertador ligado.

_...ã?

_Ai que bosta, é o despertador do vizinho.

_...

_Você tá ouvindo?

_Não...

_Como que você não tá ouvindo, é ...

_Que foi?

_Ai desculpa, é que eu acordei há horas com esse maldito despertador do vizinho ...

_Meu, você tá fazendo reunião de condomínio numa tarde de domingo ...

_Não, é que eu precisava falar, com alguém, eu tô fritando...

_Cê tá numas ainda. Dorme.

_Mas eu não consigo dormir com o barulho do despertador.

_...

_ Cê me entende, né?

_Não, eu não entendo, mas eu também quero ficar em paz...

_Ah que merda! Esse aí acha que pode ter cachorro latindo o dia todo na frente da minha casa, na frente da janela do meu quarto. Depois falam aí que é nos cortiços que tem baixaria, que isso, que aquilo e aquilo... Ah meu, que bosta! A gente tem que fazer reunião de condomínio e nem mora no condomínio....

MG

_Pode encher o tanque.

_Álcool?

_É bi.

_Não, sou hétero.

_Não, não, o carro é bicombustível, mas você é flex, não? Alô?

_Onde você está?

_No posto, vou explicar tudo aqui...

_Cê tá louca?

_Não, querido.

_Alô? Como?

_Acho que não estou louca, não. Só tô atendendo o celular no posto de gasolina, mas tudo bem.

_Ah, vem logo. Cê tá atrasada. São sete horas!

_E a que hora você vem pra cá?

_Relaxa!

_Olha, sou vendedora de antiguidades. Se você precisar, este é o meu cartão.

_Ah ... Sim, senhora.

_Pode ligar quando quiser.

_Obrigado se...

_Mas quando quiser mesmo!

_Ah, sim, ... em breve.

_Espero.

_Obrigado pela preferência por nossos serviços e volte sempre ....

Quem anda no carro de Vânia, no banco traseiro do automóvel, tem a companhia de uma caixa de ovos. Ela é levada sobre o porta-malas. Atrás do banco de trás. Um termômetro. Ela sempre vai de olho no ovos. É como se olhasse direto para o conteúdo do porta-malas. Peças de valores elevados e muito sensíveis. Podem quebrar como ovos.

_Estamos pisando em ovos novamente.

_Minha cabeça não aguenta mais...

_ É mesmo?

_Pelo menos não aguentava antigamente.

_Cê não consegue mais resolver problemas, olha só, como apesar de tudo, a gente sempre consegue segurar a nossa onda.

_Isso que aconteceu agora vai...

_Isso que aconteceu agora estava planejado, e ter dado certo é o mínimo que podia acontecer.

_Ah que droga, você não me deixa comemorar nada, não?

_Desculpa. Quero dizer: Desculpas o caralho! Olha só. Estou quase vacilando novamente.

_Relaxa cara. Agora é diferente. O que estou comemorando é que a gente vai ganhar um fôlego...

_...

_Ah, é só um champanhe no...

_Olha, começa assim e logo a gente vai começar por câmeras dentro das casas das pessoas e essas pessoas vão nos odiar, sabe? Pois elas já odeiam por muito menos, quero dizer: Por muito menos.