Pra ter vontade de beber, bastava o impulso provocado pela publicidade. Nas ruas, nos shoppings, nos eventos, principalmente aqueles dirigidos à juventude, principal alvo dos grandes fabricantes de bebidas alcoólicas. Nas ruas residenciais dos bairros nobres, ou nas vielas da periferia, nas adegas, ou embaixo da pia, o álcool estava lá à espeita.
Dava pra ler tudo da porta do bar mesmo, sem entrar, para conferir a exposição. Cinzano, cortezano, Martini, menta, rabo de galo, Campari. Cadas garrafa com uma cor mais bonita que a outra. Cada cor mais viva que a outra. Martini, Contini, San Raphael. Old Eight, Passport, Black Label, Blue Label, Chivas, White Horse. Quase tudo falso. Todos de altíssimos níveis alcoólicos. As cervejas nas geladeiras. Dava pra ver todas da rua também. Como era possível ver, do mesmo jeito, as caras, peitos e bundas nos cartazes. Cinquenta e Um, Velho Barreiro, Vila Velha, Campari. Jurubeba, Catuaba. As garrafas são vistas da calçada mesmo.
Mas tem gente que não bebe.
O delicioso cheiro de churrasco parecia mais forte agora. Abandonados nas grelhas, os pedaços de carne iam torrando enquanto os churrasqueiros de domingo fugiam pelas estradas de terra. Alguns deles, a maioria da Rua Seis, sem carteira de habilitação, a maioria de todos os fugitivos, quase todos da Rua Nove, com a documentação ilegal dos carros e motos, e uma boa parte das ruas Seis, Nove e Quatro, carregando algum tipo de arma. Maradona, por exemplo, que morava na Rua Dez, em vez de esconder-se, aumentou o volume do som no rádio.
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